quarta-feira, 25 de abril de 2007

Um Programa Equivocado

Percorrendo os muitos canais por muitas vezes muito inúteis da TV a cabo instalada na minha casa encontrei algo que me prendeu a atenção. Era de manhã e estava passando uma reprise do programa Tribos, no Multishow, apresentado por uma bela e talentosa Daniele Suzuki. O maior motivo por eu parar neste canal não foi o charme nipônico-brasileiro (se é que existe este termo) da apresentadora, mas sim porque a “tribo” em pauta era a do Samba. E é aí que começa a minha contrariedade com o os equívocos tamanhos que a atração jovial cometeu.

Vamos ao programa.

Eis que eu o pego o bonde andando, pois quando chego no canal já está acontecendo uma entrevista com o rapper Marcelo D2. Tudo bem, um ídolo POP como ele, que conquistou uma legião de fãs falando de seu respeito pelo samba nas letras compostas ta legal, mas, convenhamos, o Marcelo D2 não pode ter autonomia para se postar como um porta-voz e defensor da bandeira do samba, o negócio dele é o movimento HIP-HOP, e pronto. Depois desse atentado, por incrível que pareça, continuei vendo o programinha. Da entrevista acontece um corte que vai para uma tomada noturna na Rua Men de Sá, na Lapa, consumida por esses bares nojentos que se autodenominam butiquins, ou Botequins como queiram seus donos, e um povo do qual eu nem preciso falar né.... malandros do posto 9 com suas sandalinhas rasteiras e meninas com seus vestidos da moda e florzinhas na cabeça, todos admiradores do bom “Samba de Raiz”. E é na rua que a apresentadora chega para uma dessas mocinhas e pergunta:
- Fala um pouco pra gente o que é o samba?
E a bela sambista responde: (Não exatamente nessas palavras)
- Ah, o samba é essa raiz carioca que nós, hoje em dia, estamos recuperando.

Prestaram atenção no que ela falou né? Que nós cariocas estamos recuperando o Samba. Só se for nessa vida de patricinha dela que vive das tendências, as mesmas que tentam envenenar nossas tradições, como estão fazendo hoje com o Samba e fizeram no passado com o Forró.

Embasbacado com o que estava vendo, bebi um copo d´água, e consegui continuar assistindo ao vexame.

Depois do segundo atentado, Daniele Suzuki adentra à um casa, onde estava acontecendo uma apresentação da cantora Luciane Menezes. Nada contra o trabalho de nenhuma das duas, a casa é nova na Lapa e frequentemente vem abrindo espaço para shows de artistas regionais que expressam ritmos tradicionais de todas as partes do Brasil. Luciane Menezes é uma cantora talentosa, que tem como característica mesclar ritmos regionais em seus shows como, samba, coco, maracatu e ciranda. Neste caso, não acho que o programa cometeu um atentado, mas sim um equívoco, eles poderiam ter escolhido um outro estaelecimento no qual estivesse tocando o samba genuíno, já que eles são tantos, ou então ter ido à esta mesma casa em um outro dia. Mas, já estava tão revoltado que qualquer gota pra mim, naquele momento, era uma tempestade.

E o programa continua, nos próximos blocos são gravadas imagens num Centro Cultural na Lapa, e numa feijoada que acontece em laranjeiras; e entrevistas com os grupos Casuarina e Sereno da Madrugada. Pela primeira vez, o programa mostrou samba, mas mesmo assim não me satisfez. As bandas são consideradas representantes da nova geração, mas na minha opinião, ainda existem outros grupos contemporâneos que são melhores e me transmitem um samba muito mais verdadeiro, com pureza. Contudo, respeito o trabalho que as duas vêm fazendo.

Na mesma feijoada, Daniele Suzuki acaba a entrevista com o Sereno da Madrugada, que era a atração do dia, e passa para uma conversa com, vejam vocês, Moinho da Bahia. Tudo bem que, como fiquei sabendo, o som do grupo sofre uma forte influência dos sambas feitos pela velha guarda baiana, mas, pelo que me parece, o samba em questão seria o do Rio, o verdadeiro, que nasceu lá na Pequena-África. Deixando aqui registrado, não tenho nada contra o trabalho do grupo Moinho da Bahia também.

Pasmo com tanta corruptela, saí de casa revoltado e não pensei em outra coisa que não fosse este programa, uma pena, pois poderiam ter feito um negócio bonito e emocionante, e com isso, mostrar pra essa Grande Juventude o samba verdadeiro. Mas, percebi que o programa caiu no erro de expressar o ponto de vista desta tribo nojenta, que tenta banalizar o samba de qualquer maneira.
Francamente, uma pena.

5 comentários:

Anônimo disse...

Boa Caio...
Vi esse programa tv e fiquei puto...
na boa, sei q não sou o maio fã d samba...mas deu pra ver os equivocos ali..ainda mais na tentaativa d mostrar a "tribo" do samba, mostram os mauricinho e patricinha..é foda..
abraço

25 de abril de 2007 às 19:05
Unknown disse...

é por isso q a gente diz né,q a nossa cultura acaba sendo perdida pq até mesmo a tv, q é um veiculo informativo, é cheira bosta!
mandou bem de postar essa parada mesmo, mas eu estaria mais feliz sem saber de tudo isso..
da até vontade de ir tomar uma...

25 de abril de 2007 às 19:54
Gabriel Andrade disse...

Diogo vc não aguenta tomar mais nem uma!!!

26 de abril de 2007 às 11:50
Anônimo disse...

É isso aí, em homenagem a essa figura, vamos tomar uma. Uma não. Um. Vamos beber saquê. Vaca.

26 de abril de 2007 às 12:02
Almirante V.G. ..../+/.... disse...

Puts Caio...eu vi o programa...
E me revoltei tal como vc com a pseudo-tribo de sambistas composta por aquela galerinha que você tão bem definiu...uma lástima!!!
Parece até quando a gente tem um trabalho da faculdade pra fazer e recorre aos amigos pra entrevistar e economizar um pouco de tempo...
No mais...parabéns pelo blog...
Um Abraço

19 de maio de 2007 às 13:34
 

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