quarta-feira, 16 de junho de 2010
Das lembranças
Tudo o que é bom deve ser lembrado.
E tudo que é ruim tem que ser esquecido.
Independente do valor - positivo ou não - existe um mecanismo na mente que retorce e distorce as imagens, sons, cores e sabores da lembrança ainda lívida.
Todo dia algo de real, da lembrança, se perde da emoção do lembrar. Quando ainda a cena está recente, sente-se com arrepio o sinistro momento. E aprendemos isso das lembranças ruins, como acidentes, perdas e insucessos.
As razões irracionais, incontroláveis, os fatos desencadeados, todo o non-sense produzido no ato de uma lembrança traumática, todos estes, vão - graças à Deus - para alívio de quem vive, se tornando cenas distantes, deixando de ser memória fresca. O tempo se encarrega de levar o sentimento auge dessas infelicidades: o medo. Daí, parece que uma parte daquilo ruim, se aloja em algum lugar do futuro das nossas ações, pra se transformar em algo que preste pra alguma situação presente. Tudo se transforma na natureza do viver - cair e levantar pra aprender a cair e aprender a levantar e aprender a não cair tanto e aprender a voar. Tudo mesmo, se transforma, até as boas lembranças ditas inesquecíveis. Estas ao sabor do tempo, também vão sendo esquecidas se não revividas. Revisitá-las pode parecer difícil, surgindo daí a necessidade de ritualizar. Para tentar conviver com uma linda lembrança que já está fosca pelo passar do tempo, para tentar conformar-se com uma cena repleta de alegria que não volta mais. Para suportar a vida sem aquele breve, porém pleno, momento vivo no peito. Para tentar reviver aquela magia de encantamento, aquela festa livre de espaço e de tempo. Pra isso, para tudo isso que foi inventado o samba.
Rodrigo Braga
ps: as fotos são um registro da nossa querida Nana, da nossa participação na Saideira do Comida de Buteco.
1 comentários:
wouuu...estas fotos são minhas!! hehe,
7 de julho de 2010 às 11:42beijo
karina nicácio
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