segunda-feira, 26 de março de 2007

Cadê meu samba?

Nasci na Zona Sul do Rio de Janeiro, família de classe média, e branco na pele. Não sou nem de perto alguém que se diga que nasceu no meio do samba, apesar de meu pai ter me ensinado desde cedo a ouvir musicas de qualidade em LP´s que coleciono e me orgulho até hoje. Mas se não nasci no samba, minha paixão me fez ir até ele e com isso passei a me confrontar com duas realidades.
A primeira delas seria a vida típica da zona sul, com seus modismos importados de outros lugares, muitas vezes lugares de uma mesma cidade. Primeiro veio o funk, o forró, o pagode, o axé, culminando na nova onda do momento o “samba de raiz”.
A segunda realidade, ainda que distante de mim, foi a dos sambas genuínos, dos subúrbios cariocas, samba do centro da cidade, da tijuca, de Madureira, e por ai vai. Lugares que se orgulham de ter passado por todos os modismos conservando sua essência, sua forte cultura popular.
Falarei a partir de agora da realidade que convivo no dia a dia. O “samba de raiz” da Zona Sul.
Há um movimento que transformou o que era outrora visto como som marginal, coisa de vagabundo, de malandro, em uma nova definição “classemediana”, hoje o samba é “cult”. Dessa maneira, surgem a cada dia pseudo-intelectuais, que erguem verdadeiros altares para Chico Buarque (que obviamente tem muitas obras tanto musicais quanto literárias excelentes, e há de ser reconhecido), sem muitas vezes saber o que aquilo quer realmente expressar.
Pessoas que adoram a Mangueira, e principalmente encher a boca pra falar “essa musica é do mestre Cartola!!!” ou ainda “essa é do grande Nelson Cavaquinho”, sobre o segundo já ouvi falarem que foi uma grande pena ter morrido sem o reconhecimento merecido o qual pedia em “Quando Eu Me Chamar Saudade”, mas os mesmo que se solidarizavam com Nelson Cavaquinho, continuavam a desconhecer, porque não acredito que se possa ignorar, a luta continua de vida de Guilherme de Brito.
Quando falam em partido alto um nome surge logo a mente, Zeca Pagodinho. Acho que isso seria uma afronta ao próprio Zeca se um dia viesse a ouvir-lo. Ora, e não se fala de Aniceto, João da Baiana, Donga, Candeia? Nada disso existiu na Zona Sul? Aproveito para reproduzir um verso de Aniceto do Império: “Quando falar em partido/Quando louvar partideiro/Lembrei João da Baiana/E o velho Donga primeiro”.
O que me anima é saber que essa moda um dia acaba, e vou poder voltar dos sambas de terreiro nos subúrbios sem ouvir falarem que samba é Chico Buarque, João Donato, e outros bossa-novistas que renegaram o samba após se aproveitar o máximo da nossa mais forte cultura popular.

2 comentários:

Anônimo disse...

Biellllll!!! Showww!!! Adorei a iniciativa e vc disse mtas verdades!!!! Virei sempre q puder aqui pra prestigiar essa sua atitude!!!

Bjao enorme e PARABÉNS!!! Ficou mto legal isso!!!

3 de abril de 2007 às 23:57
Anônimo disse...

RAPAz fique tranquilo que o que é verdadeiro, de raiz sobrevive ate o fim!!! abraço continua esperto
guriiii@hotmail.com

13 de agosto de 2009 às 19:20
 

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